10 janeiro 2009

Macapá - Amapa

Linha do Equador - Macapá - Amapá

Eu tinha acabado de chegar em Belem, depois de 4 horas de barco proveniente da Ilha de Marajó. Eu tinha passado 2 dias na Ilha de Marajó vendo búfalos e praias paradisíacas, tomando breja e leite de búfala, que é bem mais forte que o e de vaca. Achei um restaurante bem legal nas Docas, aliás, todos os restaurantes de lá são bons. Pedi um risoto de gorgonzola bem caprichado, quando comecei a comer precisei largar o prato e sair correndo para o banheiro. O banheiro era bem longe, pode ser que os garçons pensaram que eu tava fugindo para não pagar a conta. Depois disso, voltei e terminei o saboroso risoto, que depois de uns 10 minutos, já não estava mais em meu corpo.

Quando voltei para albergue, fiquei a tarde inteira indo ao banheiro. No dia seguinte, eu iria pegar um barco para Macapá, no Amapá, sendo  que a viagem iria demorar de 24 a 27 horas. Um pessoal do albergue, dentre eles, um francês, uma argentina, uma suiça, uma tcheca, 2 austríacos e alguns brasileiros iam tomar cerveja num boteco próximo, mas eu não estava passando bem, toda hora ia no banheiro. Eu abortei a breja, imagina como eu devia estar ruim para rejeitar um boteco. Eu fui tentar dormir um pouco, entretanto acordava toda hora para ir ao banheiro. O pior ainda estava por vir. Uma hora da noite eu acordei com vontade de vomitar e sai correndo para ir ao banheiro, meu único e fiel amigo naquele dia. Cheguei no banheiro e vomitei a valer. Eu estava fazendo o número 1, junto com o número 2, e agora também tinha o número 3 (vomitar).

Voltei para a cama, mas logo tive que levantar de novo para vomitar. Comecei a pensar que no dia seguinte iria pegar um barco para Macapá. Como eu conseguiria sobreviver a uma viagem dessas, já que não conhecia as condições sanitárias do barco. Comecei a pensar se eu podia ter pego cólera ou algo do tipo, já que não saía do banheiro e não parava de vomitar. De manhã, ainda acordei com vontade de ir no banheiro, no entanto não vomitei mais, mas mesmo assim, seria difícil aguentar viajar num barco tanto tempo passando mal. Resolvi então ir até o terminal hidroviário e vender a minha passagem, tomei um grande chapéu, pois perdi uns 40% da passagem, mas fazer o que. De tarde, mandei um e-mail para o meu irmão para ele tentar comprar uma passagem de avião de Belem para Macapá, pois ainda queria conhecer a linha do Equador e pisar nos hemisférios norte e sul ao mesmo tempo. Meu irmão conseguiu uma passagem daqui a 3 dias. Então, teria mais 2 dias para ficar em Belem para me recuperar do desarranjo total. No dia seguinte, já estava melhor, comecei a pensar no que tinha comido e bebido na Ilha de Marajó. A única coisa diferente foi o leite de búfala, que era muito forte. Eu tomei uns 2 bules de leite numa fazenda de búfalos, conversando com os nativos e vendo os búfalos passarem. Só podia ser o leite de búfala que me fez tão mal, pois foi a única coisa diferente que comi. Depois de 2 dias em Belem, já estava zero bala. Bem, agora é só me preparar para ir para o Amapá.
Fui até o aeroporto de Belem e peguei o avião para Macapá - Amapá. Chegando em Macapá, tentei deixar as minhas malas em algum bagageiro, mas para minha surpresa não tinha locker no aeroporto. Aliás, o aeroporto era menor que uma rodoviária de pequenas cidades do interior do país. Depois disso, peguei um táxi e fui para o centro encontrar um hotel. No dia seguinte, fui visitar a Fortaleza de São José de Macapá (Foto 01). Esta fortaleza é uma das mais bem preservadas do Brasil e foi construída entre 1764 e 1782. 

 Foto 01 - Fortaleza de São José de Macapá - Macapá
Depois de visitar o forte, peguei um moto-táxi para o monumento que fica bem no meio da Linha do Equador (Foto 01), que divide o mundo em 2 hemisférios: o norte e o sul.
 Foto 02 - Linha do Equador - Macapá - Amapá

A vida inteira estudei sobre o Linha do Equador, uma linha que divide o mundo em duas metades, o hemisfério Norte e o Hemisfério Sul. Eu lembro minhas professoras do ginásio dizendo que a Linha do Equador era uma linha imaginária. Quando somos crianças é difícil entender e visulizar alguns conceitos, como por exemplo: linha imaginária. Tem coisas que só aprendemos quando visitamos o lugar. Hoje, vi na TV pessoas não estão mandando seus filhos para a escola, mas estão ensinando seus filhos em casa. Acho isso uma coisa muito válida, pois aprendemos muitas coisas inúteis na escola, pois os professores ensinam as matérias sem dizer para que servem. Aliás, muitos nem mesmo sabem para que serve o conteúdo ensinado. Se tivesse visitado quando criança, o monumento da (Foto 03) eu diria que a linha do Equador não é uma linha imaginária, pois poderíamos até pisar nela.

 Foto 03 - Linha do Equador - Macapá - Amapá

Também lembro de aprender sobre latitude e longitude, na (Foto 04), estou na Latitude "000", marco zero do Equador. Aí começa a contagem de latitude, outro conceito abstrato para se aprender na infância.
 
 
 Foto 04 - Latitude '000' - Linha do Equador - Macapá - Amapá
Atrás do monumento da Linha do Equador, tem um estádio de futebol chamado Zerão (Foto 05). A curiosidade deste estádio é que a Linha do Equador passa na linha do meio do campo do estádio. Na Foto 05 é possível ver o Estadio Zerão ao fundo e a linha pontilhada que divide o meio da rua. Exatamente nesta linha pontilhada, passa a Linha do Equador. Uma pena que não pude entrar no Zerão, pois o mesmo encontrava-se abandonado, mais um descaso com o Turismo brasileiro.
 Foto 05 - Estádio Zerão - Linha do Equador passa no meio do campo - Macapá

 Foto 06 - Hemisférios Norte e Sul - Macapá - Amapá
No dia seguinte, peguei um busão para a cidade portuária de Santana, próxima a Macapá. Nesta cidade há algumas praias de rio com diversos barzinhos. Aliás, não é um riozinho qualquer, mas sim, uma praia no Rio Amazonas  (Foto 07).
Foto 07 - Rio Amazonas - Santana - Amapá

Um dos meus objetivos no Amapá era visitar a Cachocheira de Santo Antônio, em Laranjal do Jari, mas não deu tempo de ir. Outro passeio que queria fazer era pegar um trem em Santana, com direção a Serra do Navio. Este trem percorre a selva amazônica em torno de 6 horas, entretanto não consegui muitas informações sobre a viagem. Muitas pessoas disseram que o trem era exclusivo para os funcionários da mineradora, mas já vi relatos, na internet, de turistas que pegaram este trem e foram até a cidade da Serra do Navio. Dizem que as mineradoras não querem muitos turistas lá, para que não seja registrado a destruição da Floresta Amazônica e da Serra do Navio.

Depois disso, fui até o aeroporto para pegar o avião para Belem, e depois ir para São Paulo. Ainda fiquei mais 2 dias em Belem, além de ir para Salinópolis, uma cidade balneária, localizada a umas 2 horas de Belem.

Bem, terei que voltar algum para o Amapá, pois ainda falta visitar a Cachoeira de Santo Antônio, em Laranjal do Jari, falta pegar um trem no meio da floresta amazônica até a Serra do Navio, ir até o Oiapoque, além de ver a Pororoca.

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