05 julho 2012

Barco Golfinho do Mar de Manaus para Santarem - Barco Manaus Santarem

Barco Golfinho do Mar de Manaus para Santarem
Barco Manaus Santarem
Barco de Manaus para Santarem
Boat Manaus to Santarem
Amanhã, pegarei um barco de Manaus para Santarem que passará pelo Rio Amazonas. A viagem durará cerca de 28 horas, dormindo na rede. Nesta viagem, eu poderei sentir um pouco da vida dos povos da amazônia, já que, até agora, só encontrei turistas brasileiros e estrangeiros no albergue.
Eu comprei uma passagem de barco de Manaus para Santarem numa banquinha ao lado do Porto Flutuante de Manaus. O nome do barco era Golfinho do Mar (Foto 01), que sairia de algum lugar do porto clandestino. Para viajar no barco é necessário comprar uma rede e cordas para amarrá-la no teto do barco, pois fiquei sabendo que muitos barcos não têm ganchos para amarrar as redes. Paguei R$ 100,00, na passagem de barco, que duraria aproximadamente 28 horas.  No Albergue (Hostel) fiz amizade com um brasileiro de SP, que também queria ir para Santarem. Chegando no porto alternativo, procuramos nosso barco e o meu amigo conseguiu comprar a passagem na hora. Entrando no barco, procuramos um lugar para pendurar nossas redes no segundo nadar, entretanto já estava lotado, só tinha lugar no andar de baixo, que fica perto do motor e, por este motivo é muito barulhento, fazer o quê.
 Foto 01 - Barco Golfinho do Mar
 Foto 02 - Barco Golfinho do Mar 
Penduramos nossas redes no meio de outras redes (Fotos 03 e 04). Eu olhei em torno e não vi nenhum turista, só eu e meu amigo. Antes de o barco partir, tentei deitar na minha rede no meio de tantas outras. Foi bem difícil conseguir subir, já que tinha redes e pessoas por todos os lados, mas até que consegui subir e já comecei a sentir literalmente o calor da viagem. O barco ligou o motor e começaram a desatar as amarras. O barco partiu um pouco depois do meio-dia, praticamento no horário (Vídeo 01, 02 e 03).
 Foto 03 - Mar de Redes - Barco Golfinho do Mar
 
Foto 04 - Minha Rede(Colorida no meio) e Minha Mala

Vídeo 01 - Barco Golfinho do Mar de Manaus para Santarem

Vídeo 02 - Partida do Barco de Manaus para Santarem

Vídeo 03 - Barco Golfinho do Mar de Manaus para Santarem
A partida do barco foi bem legal, pois agente assiste a cidade de Manaus ficando para trás. Fiquei lembrando dos malucos que conheci, principalmente dos amigos que fiz, assistindo a final da Libertadores 2012, onde o Corinthians derrotou o Boca Juniors, no Pacaembu por 2 x 0 . Assisti a maioria dos jogos da Libertadores com meus grandes amigos em SP, mas a grande final, assisti com vários desconhecidos num boteco em Manaus, na praça do Teatro Amazonas. O melhor foi cantar o Poropopó na frente do Teatro Amazonas, depois da vitória do Corinthians. Estes desconhecidos, a partir de agora, vão vazer parte da minha vida, pois sempre lembrarei deles, quando me perguntarem onde eu vi a final da Libertadores 2012.
O barco passou pelo encontro das águas dos Rios Negro e Solimões. A partir deste ponto, começa o grandioso Rio Amazonas. Não deu para ver direito o encontro das águas, já que passou muito rápido, mas já tinha visto anteriormente em outro passeio. Depois de algumas horas deitado na rede, resolvi dar uma explorada no barco. Subi no segundo andar, por incrível que pareça estava muito mais lotado que no meu andar de baixo. Passeei por todo o segundo andar e fui visitar o terceiro andar, que tinha um barzinho e uma TV com DVD, tocando músicas do Amazonas e do Pará, principalmente o Brega. Pedi uma breja e fiquei apreciando a paisagem.

No barco era possível fazer 3 refeições: almoço, janta e café da manhã, todos pagos e com valores bem razoáveis (Foto 05). Antigamente, as refeições estavam inclusas na passagem, naquele tempo existia a seguinte expressão: Onde come uma pessoa come dez. Infelizmente, nos dias de hoje a comida está muito cara no Brasil. Até os gringos reclamam do preço exorbitante da comida no Brasil. 
Foto 05 - Comendo um Rango no Barco
Foto 06 - Siesta após o Rango

Vídeo 04 - Bar do Barco Golfinho do Mar
No segundo andar, na frente do barco era possível sentar nuns bancos e apreciar a bela paisagem. Não dá para ter a noção do tamanho do Rio Amazonas, já que existem muitas ilhas que se confundem com as margens do rio, entretanto as ilhas dividem o Rio Amazonas em 2 ou 3 braços de rio. Só é possível ter anoção exata do tamanho do Amazonas de avião. Na frente do barco é proibido usar o celular de noite, já que pode atrapalhar a visão do piloto do barco (Foto 07). Eu fiquei um bom tempo apreciando a paisagem do por do sol no Rio Amazonas (Foto 08). Depois que escureceu fiquei na frente do barco vendo as luzinhas de algumas cidades e de alguns barcos e navios. Além disso, também era possível ver as enormes chatas, que são gigantescas balsas que transportam mercadorias de Manaus para Santarem e Belém e vice-versa. Fiquei impressionado com algumas chatas que transportam as carrocerias de caminhões, jamantas e até cegonhas. Vi uma chata com umas 3 carretas de cegonhas, além de várias carretas de caminhões. Quando as chatas chegam aos portos é só engatar nas boléias dos caminhões e seguir viagem. Pena que o Brasil não utiliza muito o transporte fluvial, que é muito mais barato que o rodoviário.
Quando eu estava na frente do barco, de madrugada, olhando a paisagem, aconteceu uma coisa inusitada. De repente uma enorme luz vinda do céu iluminou a frente do barco e começou a procurar algo na água. Achei que um OVNI estava abduzindo algum animal ou que o barco começaria a levitar, me levando para outro planeta. A luz ficou andando da direita para esquerda, até que parou num lugar e eu pude visualizar um monte de arbusto boiando na água. Depois de alguns segundo eu percebi que a luz era proveniente de um enorme holofote no topo do barco. Este holofote era ligado pelo piloto toda vez que alguma coisa suspeita atravessava na frente do barco, como por exemplo um troco de árvore, um monte de arbusto arrancado da margem, ou pequenos barcos ou canoas. Ufa!! Que alívio, não foi desta vez que eu seria abduzido.
Foto 07 - Proibido usar Celular

 Foto 08 - Por do Sol navegando no Rio Amazonas 

 Foto 09 -  Algum Lugar no Rio Amazonas

De madrugada, por volta das 4h da manhã, o barco aportou em Parintins, depois de 16 horas de viagem. A troca de mercadorias e depessoas foi bem rapidinha, cerca de uns 15 ou 20 minutos. Quando clareou, fui tomar o café da manhã, que tinha várias frutas. Após o café da manhã, fui escovar os dentes com a água do Rio Amazonas, pois as pias, o chuveiro e o vaso, são abastecidos com água do Rio Amazonas. Os banheiros do barco são bem limpos, principalmente em relações aos banheiros de ônibus e rodoviárias, que no Brasil são sujos e muitas vezes interditados. A água do Rio Amazonas deve ser bem limpa, já que nessa região não existem muitas cidades. Eu peguei meu celular para ver as horas, quando vi que o visor tinha mudado de AM para PA, já estávamos no Pará. Depois de um tempo o barco parou na cidade de Óbidos (Foto 10).

Foto 10 - Cidade de Óbidos - Pará 
Depois de quase 28 horas de viagem, os altos  falantes do barco começaram a avisar que já estávamos chegando em Santarem e que era necessário começar a guardar as redes. Depois de desmontar a minha rede, pude ver o encontro das águas dos Rios Tapajós e Amazonas, uma das atrações da cidade de Santarem. Até que as 28 horas de viagem são bem tranquilas. De Santarem até Belém são mais 3 dias de viagem, mas não sei se farei este tracho de barco, pois perderei praticamente 4 dias inteiros de viagem. Talvez, pegarei um avião de Santarem para Belém, pois poderei aproveitar este tempo em Belém ou na Ilha de Marajó.
 Foto 11 - Eu e o paulista chegando a Santarem
 Foto 12 - Rio Tapajós - Cidade de Santarem
Chegando a Santarem pude ver o transporte de grãos, proveniente do Centro Oeste do Brasil, principalmente do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O transporte de grãos, principalmente de soja, é feito através da estrada Cuiaba- Santarem, que já está alfaltada no Mato Grosso, mas no Pará ainda é de terra. O Brasil tem o seguinte dilema: se asfaltar esta estrada, o desmatamento na regiáo da estrada aumentará, se não asfaltar a infra-estrutura brasileira ficará comprometida e menos competitiva. O Brasil, até o presente momento está escolhendo não asfaltar, prejudicando a infra-estrutura, além de não evitar o desmatamento na região, já que não existe fiscalização eficiente. Portanto, escolhemos as 2 piores alternativas: atraso nas obras de infra-estrutura, além de continuar com o desmatamento desenfreado.
 Foto 13 - Transporte de Grãos - Santarem

Foto 14 - Chegado em Santarem, depois de 28 horas de Barco
Foto 15 - Chegada em Santarem, depois de 28 horas de Barco
Ufa!! Depois de 28 horas de barco, dormindo na rede, finalmente cheguei em Santarem-Pará. Agora é só pegar um táxi e ir direto para Alter do Chão, o Caribe Brasileiro.

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